I'M NOT GOING TO TAKE THIS ANYMORE!
Mad as hell

"Eu não tenho que te dizer que as coisas vão mal. Todo mundo sabe que as coisas vão mal. O mundo está todo fodido. Quem não está desempregado tem medo de perder o emprego. Um real não vale mais miséria nenhuma, as empresas estão falindo, os balconistas te atendem com uma arma debaixo do balcão. A violência está à solta na rua e não há ninguém, em lugar algum, que pareça saber o que fazer; e não há fim para isso. Sabemos que o ar está impróprio para respirar e a comida imprópria para comer, e ficamos sentados vendo nossa TV, enquanto algum noticiário local diz que hoje tivemos quinze homicídios e sessenta e três crimes violentos, como se fosse assim que as coisas devessem ser. Sabemos que as coisas estão ruins - piores do que ruins. As coisas estão loucas! É como se tudo, em todo lugar, estivesse enlouquecendo. Por isso não saímos mais. Nos sentamos em casa, e lentamente vemos o nosso mundinho ficar cada vez menor, e tudo o que dizemos é: 'Por favor, pelo menos me deixe sozinho na minha sala de estar. Deixe-me aqui com a minha torradeira, minha TV e minha rodas cromadas, e não vou dizer nada. Apenas me deixe em paz.' Bem, eu não vou deixar você em paz. Eu quero que você enlouqueça! Eu não quero que você proteste, eu não quero que você faça greve, eu não quero que você escreva para o seu deputado, porque eu não saberia o que dizer para você escrever. Eu não sei o que fazer sobre o desemprego, a inflação, os traficantes e o crime nas ruas. Tudo que sei é que primeiro você tem que enlouqueçer! Você tem que dizer: 'Eu sou um ser humano, puta que pariu! Minha vida tem valor!'"

Trecho adaptado do filme Network (1976) de Sidney Lumet.