Poema de amor, tá afim?

Enfim,
o que mais queres de mim?
Dou flores porque me disseram que é assim
que se mostra carinho e que, ao amor, se diz sim.
Mas fosse só por mim, meu querubin,
veríamos do mundo, todos os jardins;
viveríamos primaveras juntos, sem ter fim;
e seríamos, um para o outro, um jasmin.
Sim?

Fim.

Ficou ruim?
Nota:

Ao longo dos últimos anos tenho abordado os mais diversos temas acerca da condição humana. Tenho tirado várias das minhas dúvidas escrevendo, tenho respondido a várias perguntas e formado valores e, talvez, até elucidado meu caráter por intermédio da escrita, o que é, de fato, uma bela de uma coisa para se dizer às pessoas.

Tenho percebido que minha gana pela escrita vem se esvaindo ao passo do tempo, mas apenas a gana - a ânsia de escrever tudo que se passa em minha cabeça - meu entusiasmo e gratidão em relação às palavras postas lado à lado irão comigo para a cova, certamente.

Tenho tido pouco sobre o que falar. Muito disso se deve, talvez, pela monotonia dos dias, e benzadeus as minorias que tem a destreza e o dinheiro para atravessar a vida sem sentir a monotonia de uma tarde de Quarta-Feira. Mas julgo que muito, também, se deve ao fato de os valores, brotados de longos raciocínios e questionamentos nos momentos mais niilistas que eu poderia conhecer, terem formado um caráter com fortes raízes dentro de mim mesmo; caráter, este, baseado não em idéias impostas, mas em idéias aceitas. E aí está uma grande coisa.

Aprendi que a maior vantagem que você pode ter em relação à hostilidade da vida em sociedade é a coragem de sorrir para as pessoas que te olham de um jeito estranho, ou criticam suas atitudes quando elas divergem do comum, ou do socialmente aceitável, ou do jeito que as pessoas fazem na novela; sorrir e - enquanto pensa: "Foda-se você, seu pequeno aspirante à adubo!" - dizer "Bom dia, pessoa!"

Venho descobrindo e aceitando limites, assim como venho descobrindo e aceitando virtudes e, novamente, valores. A única coisa que pode nos manter em equilíbrio, enquanto andamos selva à dentro, é saber que o que carregamos conosco é, de fato, nosso.

Sobrevivi muito bem à estes vinte e dois anos. Julgo ser capaz de lidar com os próximos.

Estou bem.
Rascunho do rascunho

Mais uma compilação de textos não postados, inacabados, esquecidos, abatumados, embolorados e um tanto quanto perturbadores. Quando eu leio textos assim, que eu nem lembrava ter escrito, é que eu vejo o quanto minha cabeça é perturbada. Tenso. Mas beleza. (:

"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem." (Bertold Brecht)

"Se você quer fazer uma torta de maçã desde o começo, tem que primeiro cirar o universo." (Carl Sagan)

"Não te preocupes demasiado com o dia de amanhã. Ele despontará com as suas próprias dificuldades. A cada dia basta o seu fardo." (Leiria Rui Santos)
----------
Preocupe-se apenas em levar o seu próprio fardo, e aprenda que jamais saberá nada sobre o fardo alheio; pois por mais que se tente medir as suas dimensões, nunca se passará de mera suposição barata.
----------
Sábado. Um belo dia lá fora. Aqui, ouço apenas os suaves ruídos disso que chamamos silêncio, que nunca é o silêncio pleno. Minha cabeça é uma balbúrdia só. Exausta de buscar no que pensar. Inquieta. Atarefada com o tédio. Seria uma bela hora para fumar um cigarro, ouvir os sons da rua, e não ser perturbado pelo ócio, pela gula, pelo relógio, pelo telefone e por esse silêncio incômodo.
----------

Saudades dos tempos em que meu espírito encontrava-se alegre; e acessível. Tinha lapsos de genialidade e mostrava-se pleno, e forte como rocha, ao mesmo tempo em que era leve e livre. Sinto-me como zumbi. Como máquina. Sem o toque da luz.
África, a terra dos fortes.


Infelizmente ainda vivemos em uma época de segregação racial e de nacionalismo. Partindo deste ponto gostaria de falar dos negros e da África, que embora não seja um país sempre é tratada como tal. Minto. A África é desprezada.

O continente africano, e com ele os negros, começaram à ser colonizados (leia-se estuprados) no Século XV pelos mesmos europeus, brancos, que depois também colonizaram à nós, latino-americanos. O povo africano cedeu, ao progresso econômico do mundo, força braçal graças à escravidão - onde encontra-se todo o tipo de desumanização da figura humana possível - cedeu suas riquezas naturais, cedeu vidas, muitas vidas. O continente africano, e os negros, foram molestados por muitos séculos pelos europeus, brancos. Isto infelizmente já não causa mais pavor quando lido, já sabemos disso, já aceitamos isso. Alguns de nós podem dizer "já superamos isso".

Eu sei que talvez eu esteja escrevendo meio sem foco, mas eu queria simplesmente mostrar, novamente, meu descontentamento com a  raça da qual sou um exemplar, pois um povo que cedeu tanto pelo resto do mundo, ainda mais na base do cabresto, não pode ser humilhado, desprezado e esquecido como é. A Africa está abandonada, seu povo morre as pencas por não ter o que comer. Estamos no século XXI e as pessoas morrem de fome como se ninguém pudesse salvá-las, como se nada pudesse ser feito, como se não soubessemos o que fazer, como se não tivessemos condição de fazer. Mandamos o homem para a Lua, mas não conseguimos dar de comer a quem tem fome. Não sei mais o que falar, há imagens que falam por mim.

Enquanto houver um ser humano passando fome em qualquer lugar do mundo, não se pode falar em dignidade, cidadania, humanismo, fraternidade, igualdade, progresso, justiça, mérito, honra e amor. Qualquer coisa que se diga para justificar a fome demonstra covardia, egoísmo e crueldade, que, infelizmente, são qualidades fundamentais da personalidade do ser humano pós-moderno, e características crucias para o bom funcionamento do regime monetário. Vivamos, pois, dentro do nosso mundinho perfeito de 70m², e deitemos nossas cabeças redondas e maquiadas, em nossos travesseiros com tecnologia da NASA, com uma leve indigestão por ter comido demais no jantar, e durmamos com a doce ilusão de que está tudo bem.

Se você não puder fazer nada por uma das milhares de crianças africanas que morreão de fome amanhã, assim como eu não farei, devido ao fato de possuir ao menos duas das características odiosas citadas acima, ao menos valorize a infinidade de recursos materiais dos quais você dispõe facilmente à sua volta, e deixe sua alma florescer e, de fato, ser alma. Não gaste seu esplendor e sua energia preocupado em acumular coisas em suas gavetas.

Realmente gostaria de ter escrito algo muito mais bonito e bem feito do que isto quando decidisse falar da Africa. Mesmo assim, continua sincero.

Tenham todos um ótimo jantar.