"Se a consciência da dimensão física é algo demasiadamente bruto, e a existência de 'outras dimensões' seja uma idéia demasiadamente etérea, talvez não haja realmente como separar uma da outra. Talvez a 'espiritualidade' - chamemos assim - seja, na verdade, uma propriedade básica da materialidade e vice-versa. Talvez o material básico subjacente do Universo seja uma coisa só, que possui diferentes aspectos". (Danah Zohar)
Por hora, estamos aqui

Sobre o que escrever? Qual a tormenta da vez? Nenhuma. Ótimo. Afinal, toda e qualquer coisa que possa causar algum tormento negativo no nosso estado de espírito é fruto da consciência da nossa existência; bem como também os são todas as sensações que julgamos serem positivas. Isto é, o fato de aceitarmos a nossa existência como algo extraordinário, afinal somos os únicos seres, ao menos neste plano (leia-se dimensão), a estarem conscientes da sua existência, nos liberta de inúmeros fardos que acabam nos levando à ansiedade, ao medo, à depressão e à outros transtornos. Não compreendemos nossa existência, embora tenhamos consciência dela, e isso pode tanto nos fazer sentir-se medonhamente angustiados, quanto incrivelmente vivos, e reais,e únicos, o que nos leva, ao menos à mim, à sondar e sondar, cada vez mais, o ser humano; este ser ao mesmo tempo selvagem e racional. Nos meus últimos estudos fiquei maravilhado com o quanto está cada vez mais tênue a linha que separa a física - ao meu ver, uma das ramificações mais espetaculares do conhecimento humano - do espiritismo de Allan Kardec e de outros visionários contemporâneos. As coisas vem se ligando, o conhecimento vem se mostrando à mim cada vez mais nobre. Sinto-me, cada vez mais, incrivelmente pronto para saltar, um à um, os muros deste mundo, que a cada dia se mostram mais fracos, e estreitos, e baixos; fáceis de saltar. Venho, também, à cada dia, compreendendo melhor o por que do tempo ser uma dimensão, não uma convenção. Minha condição no momento é de estudar vorazmente o que convém à mim no momento, e aceitar, deliciado, à minha condição humana nesta dimensão; maravilhar-me a cada dia com o meu corpo físico, que é o único que tenho oportunidade de experimentar neste dado momento, e alegrar-me com o convívio com os seres que amo, que estão ao meu redor. Tenho o coração cheio de amor e vitalidade.

Gostaria de abraçar meus amigos, em especial Diego da Cruz e João Faccio por dedicarem uma parcela do seu tempo ao convívio e ao diálogo - algo que prezo com vigor - comigo. É sempre um prazer estar com vocês.

E gostaria, também, de dizer à Daiane Graeff que a presença dela me enche completamente de vida, e que eu a amo por ela me dar a oportunidade de compartilhar sentimentos tão bonitos e delicados. Minha mão sempre procurará à sua, em qualquer circunstância.
O juri considera o réu culpado

Essa loucura que é a inconstância é o que me mata; é o que acaba comigo; me corrói por dentro como se fosse uma traça tocada pelo demônio. Num dia somos anjos, n'outro, quando damo-nos por conta, tornámo-nos cães da rua; chutados na cara e, por isso, consumidos pela raiva. Minhas mãos estão pesadas, e molhadas de um suor frio. Meu cérebro parece estar grudado na testa, que pulsa e dói. O estômago esguicha jatos latentes de ácido clorídrico, como se o corpo achasse que há alguma estrutura, com ligações extremamente complexas, à ser destruída dentro de mim; o ácido sobe pela garganta, e a gastrite se faz presente outra vez. Ontem à noite eu era lindo e fiz olhos se encherem de lágrimas; olhos aos quais declarei gostar da companhia. Hoje pela manhã fiz exames de sangue, toquei guitarra e tomei leite; me tornei, também, feio. Hoje à tarde fumei mais, tomei mais café, fui ao plano de saúde, depois liguei para clínicas de psicologia, e depois fiquei calculando juros de consórcios imobilários; hoje à tarde, também, me tornei uma péssima pessoa, uma má companhia, e me senti culpado por isso. Hoje à noite, porém, provavelmente serei inocentado de todos os delitos, que nem mesmo eu sei que cometi, mais uma vez. A inconstância dos dias, das pessoas, e dos sentimentos, que é capaz de transformar banana em dinamite, é a mesma que transforma carvão em diamante.
À sua companhia

Estava frio, o que o deixava muito feliz e o fazia sentir-se como se tudo estivesse mais bonito e passasse em câmera lenta, o que julgava ser uma boa coisa. Sentia-se bem, embora não demonstrasse. Ela estava impecavelmente linda, como sempre, e o esperava na sala, ocupada com ela mesma, o que ele achava um charme às vezes, sobretudo nas estaçõs frias. Saíram juntos, mãos dadas, trocando sorrisos entre um olhar ou outro, conversaram sobre os assuntos banais do dia-a-dia de ambos. O carro rodou sob as nuvens, pouca gente nas ruas; era de fato um dia exuberante por todos estes pequenos detalhes, que o faziam sentir-se bem em relação ao dia e as coisas todas. Andaram a pé pelas ruas, tomaram cafés de qualidade duvidosa em cafeterias, leram sinopses, de cult à terror, em locadoras, opinaram sobre os maniquins na vitrine de lojas caras e andaram; braços dados, beijos suaves no vento frio que rasgava a tarde. Eram felizes como poucos, julgava ele; por estes pequenos detalhes que o faziam sentir-se bem, como já disse. Ela era a musa, a leoa, a fêmea a ser amada e protegida. Ele o leão de chácara, carrancudo ao longe, mas doce ao pé do ouvido dela. Ela sempre será a mais ativa, a mais radiantemente alegre, linda que só. E ele sempre será o introspectivo, o aprendiz, aquele que observa, estuda. Ela sempre será a bela, a que incita inspiração. E ele será sempre o inspirado, o apaixonado. Que assim seja. Pois se a vida for como fora esta tarde, será boa.
- Doutor, tenho aftas.
- Isso é problema emocional. Você é estressado?
- Talvez um pouco, eu acho.
- Ansioso?
- Muito!
- Você tem vontade de chorar?
- Não.
- Você tem manias, rituais?
- Sim, várias.
- Você tem problemas com insônia?
- Não, meu sono é ótimo.
- A ansiedade te causa algum incômodo durante o dia?
- Sim.
- Todo dia?
- Sim.
- Você já sentiu pânico?
- Sim.
- Como foi?
- Péssimo.
- Você tem depressão.
- ...
- Leve.
- Ok.
"Enquanto metade da humanidade passa fome, a outra metade faz dieta."

Não fosse cruel, seria cômico. Entretanto a crueldade deixou de parecer cruel. Se banalizou. Hoje, alguns fatos vergonhosos e de péssimo gosto, como este citado na frase acima, passam, dia após dia, despercebidos. A crueldade faz parte do cotidiano; está tão implicita nas nossas atitudes que nem à percebemos.

A vida está banalizada. A cada dia o ser humano tira de si próprio um pedaço do pouco do livre arbítrio que lhe resta; inconscientemente traçassamos um plano para a vida humana na Terra; à enchemos de limitações, preconceitos e julgamentos que amedrontam àquele que pisar fora da linha; fazem com que este sinta-se um estrangeiro em seu próprio corpo; isolam-no; afugentam-no. A existência está banalizada. A cada dia estamos mais mecânicos, menos espontâneos, mais amedrontados, menos libertos.

Deus do céu, homem! Veja só, a vida que foi lhe dada é somente sua, esse é seu único direito. Seus deveres? Defina-os você! Viver do jeito que seu instinto e sua intuição lhe indicam não é tão arriscado quanto parece. Acredite.
Conheço pessoas que furaram o dedo propositalmente na rebitadeira, só para ganhar uma indenização por acidente de trabalho. Tendo isso em vista, digo que os minutos gastos fumando um cigarro neste frio lindo que vem dando as caras, valem os minutos a menos de vida que ele me rouba; sem a menor dúvida.
É tudo uma questão de aceitar o ponto de vista individual de cada um.

Conheço pessoas que fazem ode ao socialismo e compram cuecas caras; e pessoas que comem coração de frango frito, mas se zangam quando alguém pisa numa formiga. Eu, como sendo um indivíduo adepto do alcool leve, por vezes me zango com meu estômago, minha azia, e minhas aftas.
É tudo uma questão de aceitar a hipocrisia que nos é natural.

O que seríamos de nós, não fosse a hipocrisia?
Macacos depressivos, suponho.
Compilação de reflexões incompletas, rascunhos digitalmente engavetados e divagações simpáticas de pensamento.

"Será que sou só eu que acha que as coisas estão boas, assim, como estão?
Será que sou só eu que estou contente, e ando reclamando pouco?
Reclamo da mão (que está quebrada) às vezes, é verdade; mas é mais por mania/costume/cultura que tenho de reclamar.
Reclamamos por quê afinal? Pois se não é para que os outros nos digam que estão com problemas maiores, não sei porquê é."

"'Sondar', este é o verbo ao qual me me pego apegado no momento (que fique claro que para mim, um momento pode, às vezes, durar anos). Sondo em diálogos cotidianos, livros que nunca termino, poesias que são, por vezes, minhas, escritas num passado recente. Sondo no que fervilha."

"Tudo são cenas."

"O ano chega ao fim e com ele a sensação de 'final de um ciclo'. Com ele a sensação de alívio; virar a página e ter outra completamente em branco para se preencher. Sei que não é bem assim, mas a sensação é essa, e as sensações são meu combustível para lidar com a realidade já há muito tempo."

"Poucas coisas me amedrontam tanto, poucas coisas me causam tanto pavor, quanto o olhar de alguém velho; realmente velho. Olhos que não esperam mais nada; esperam  apenas a hora em que o piscar de olhos se dê pela metade, e não se veja mais as cores do mundo, nem o mundo veja a cor dos seus olhos. Olhos que parecem saber de tudo; parecem saber que tudo é muito pouco, muito simples. Parecem saber que demora muito tempo pra se descobrir essas coisas. E que, pensar, escrever e falar sobre isso, não passa de divagação, pois só as rugas são as detentoras da verdade."

"Sou como o caracol."

"32 milhões de pessoas passam fome, e 16 milhões são analfabetas. Eu sou gordo e leio jornais na sala de espera do dentista."

"Dos filhos deste solo é mãe gentil, Pátria amada Brasil?"

"Que será isso, afinal?
O clima? O raciocínio científico afirma que não;
mas meu empirismo tem toda a certeza de que sim.
O que será isso?
Que deixa a gente instrospectivo; Que mata o externo e aviva o interno."

"Se o que deu, deu no que sou
e o que sou, deu no que é;
o que é, vai dar no quê?"

"Hoje à tarde, o papel e eu, tivemos uma bela conversa. É bem verdade que, antes, fui à cafeterias, livrarias e até à pontos de taxi, onde você sempre acha alguém que possa lhe dizer como é que a vida funciona ou coisa que o valha. Estes lugares sempre estão abarrotados de gente deste tipo. Mas não achei ninguém lá. Então, devido às circunstâncias, restou-me o papel."

"Ontem suas lágrimas me arrancaram fora a alma. E me senti como me sentia três meses atrás, morto. E com a sensação de que não sei segurar a mão de alguém sem apertar de mais até machucar. Isso me faz sentir vergonha de mim. Sei que o que tenho à dar são coisas boas. Sei! Mas quando faço, quem esmero, chorar, perco as esperanças em mim mesmo. Quero acreditar que mágoas não deixam cicatrizes. Fui injusto. Me envergonho. Me sinto mal. Me desculpe.
Espero que o amor, os sonhos, os planos, os desejos nunca se abalem, e que possamos caminhar juntos, de mãos dadas, pra que um apoie o tropeço do outro.
Sua companhia me enche completamente de vida. Eu te amo."

"'Tome cuidado pra não se esquecer.' - Dizia o cartaz. - Não fui quem escreveu. Mas, ao ler, a carapuça serviu direitinho."

"As pessoas acham que segurança é olhar para os dois lados antes de atravessar a rua, em cima da faixa."

"Idéia vem, e vai embora.
Mal entrou, corre pra fora."

"Imprudente e aspirante à defunto todo mundo é."

"Vivi a vida, e me vi morto;
Pensei na morte, e me senti vivo;
Quanto mais vivo mais eu morro;
Quanto mais morro, mais vivi.
O morto é o sujeito que viveu!
Já o vivo é o sujeito que acha que a morte está sempre distante."

"Todo mundo é gente de bem para si mesmo."

"Dos risos que me escapam,
todos são foscos.
Igual retina descolada."

"Meu pensamento peca;
O tempo todo.
Peca por não pensar pouco.
Peca por assistir,
ao invés de dar o soco."

Pense em você como um rascunho da evolução humana, escrito às pressas pela mão canhota de um Deus destro de caligrafia ligeira, numa mesa capenga, às quatro da manhã de um domingo, quando ele estava bêbado.