Viver é isso aí

Lá vai mais um texto vomitado, não pensado. Estilo fluxo de consciência.

Alguns fatos: Hoje, algumas crianças foram assassinadas no Rio de Janeiro dentro de uma escola. Não foi a primeira vez. Não será a última. Não gosto de ver todo mundo comentando esse tipo de coisa. Você só ficou pasmo porque ficou sabendo. Você só ficou sabendo porque notícias envolvendo morte, destruição, sangue, ruína alheia e afins, aguçam a sua curiosidade mais do que qualquer poema de amor. Antes de qualquer coisa somos animais, vivendo em sociedade por imposição, não por vontade própria. Estamos inseridos num meio altamente hostil, agressivo e competitivo; entre seres movidos pela ganância, pela violência e pelo lamento.

Algumas conclusões: Hoje o seu dia foi completamente igual ao de ontem, independente de quantas crianças morreram, você não se importa. Você ajudou a matar aquelas crianças, pois você está inserido no meio. Não foi um problema mental, ou um momento de delírio que levou aquele homem à fazer o que fez, foi o meio em que ele esteve inserido durante todos os segundos da sua vida. O meio. O modo operante do acaso levou aquelas crianças àquele lugar, aquele homem àquele lugar e aquelas pistolas àquelas mãos, naquele momento; e o mais importante, levou certas idéias, certos conceitos, certos pensamentos àquele cérebro. Quando disse que todos nós ajudamos a matar aquelas crianças não estava culpando-nos; nem estava inocentando-nos. Afinal, você não pode fazer nada quanto ao rumo que as coisas tomam, tem que deixar de ser hipócrita e ser humilde diante deste fato, então enxergará facilmente que não foi uma "crueldade", ou uma "coisa sem explicação", ou "algo absurdo" isso que aconteceu. Não foi desumano. Foi absolutamente humano. Aliás poucas coisas são tão característicamente humanas quanto assassinatos deste tipo. Ou você conhece algum outro animal que mate por prazer, ou mate para aliviar a dor, ou mate por vingança, ou simplesmente mate por matar? E não adianta dizer que eu sou sem coração, que eu sou louco, que eu sou um assassino em potencial, e a puta que pariu. O cara ficou puto e meteu bala em gente que provavelmente não queria morrer, e provavelmente não tinha nada a ver com a situação. Não interessa o que levou ele à fazer isso, se foi estupidez, se foi uma vontade de, de certa forma, se vingar da condição que a vida lhe deu. Não interessa. O cara simplesmente usou o livre arbítrio dele do jeito que ele quis. Não estou defendendo ninguém, mas também não estou acusando. Somos todos pequenas cicatrízes, pense nisso. Antes de ficar aí cochichando sobre a cagada alheia, vá viver. Pare de encher o saco. Vá tomar uma cerveja, fazer sexo com a sua namorada, jogar uma partida de boliche, ler um livro, criar um blog, não sei, qualquer coisa. Viver é isso aí.