AMO

E eu que achava que não sabia mais chorar.
Escrevi até uma música, que depois virou poema, sobre isso.
Escrevi para a minha avó, depois do enterro dela.
Escrevi pedindo desculpas por não saber chorar.
Hoje eu chorei; fiquei surpreso; mas não muito.
Hoje me senti mal.
Mal de um jeito que não me sentia a tanto tempo que nem me lembro quando foi a última vez que me senti assim.
Estou com ânsia de vômito, azia, aftas. Não posso mais beber destilados. É um fato. Preciso assumir.
Estou com dor de cabeça. Muita. Parece que uma artéria vai explodir antes que eu acabe esse texto.
Amo ela. Estou com saudades dela. Mas não consigo ficar perto dela. Sendo que ela é quase minha vizinha.
Maldito mundo moderno! Mundinho merda! (Chico Anísio - Monólogo Mundo Moderno)
É meio dia, estou sem fome. Completamente sem fome.
Tenho sede. Fato.
Não consigo trabalhar. O que não é lá também um mal negócio se for ver.
Só escrevo.
Porque me faz sentir útil, vivo e provido de sanidade mental.
E amo.
Estou dominado pelo amor. Dominado. Ele é a rédea e eu o cavalo manso.
Sou sentimental. Sou mesmo. Sempre fui e continuarei sendo até o dia que houver esse corpo na Terra.
Já aprendi a importância do amor, da verdade e da capacidade de aceitar quem você é. Isso já me vale toda a vida. Sem dúvida.
Amo muito. Muito mesmo. Isso sim é fato. Preciso da presença, do afeto. Senão me sinto assim. Mal.
Hoje é um daqueles dias que você não sabe se diz que não queria ter acordado, ou se queria que acabasse logo.
Não sei.
Estou mal. Depressivo. Estou num momento no qual um suicída se deliciaria.
Exagero?
Só quem pode saber se é, ou não, exagero, sou eu.
Mas estar morto não resolveria nada.
Resolveria tudo na verdade. Mas nada ao mesmo tempo.
E o que eu quero é tão simples.
Tão simples, meu Deus!
Mas hoje em dia o simples sai caro.
É complicado simplificar.
Coisa de gente.
Entende?
Sei que entende.
Hoje, inclusive, só quero isso. Amor. Como o saudoso Tim Maia sempre pregou.
Amor e só. O resto é pó.
Bonito isso.
Mas agora, explicitamente agora, só queria dar uma sumida e fumar um cigarro. Nada muito dramático, coisa de alguns minutos apenas.
É isso.
Só preciso chorar mais um pouco, dormir muito e, depois, sumir.
Aí voltarei, purificado, filtrado, de novo, para a vida.
Muito amor à todos que são capazes de sentí-lo, assim como sinto.


(: