Sonho é destino – Parte XIII

A dúvida tornou-se a nossa narrativa. A nossa busca era a de uma nova história, a nossa. Nos agarramos a esta nova história graças à suspeita de que a linguagem comum não poderia contá-la. Nosso passado parecia congelado, à distância e, cada gesto nosso significava a negação do velho mundo e a tentativa de alcançar o novo. O modo como vivíamos criou uma situação de exuberância e amizade. Uma micro sociedade subversiva no coração de uma sociedade ignorante. A arte não era a meta, mas a ocasião e o meio de localizarmos nosso ritmo, e as possibilidades enterradas de nossa época. Tratava-se da verdadeira descoberta da comunicação. Ou a busca disso. Encontrá-la e perdê-la. Nós, os inquietos, continuamos procurando, preenchendo o silêncio com desejos, temores, fantasias. Movidos pelo fato de que, ainda que o mundo parecesse vazio, ainda que parecesse degradado e desgastado, qualquer coisa seria possível. Dadas as circunstâncias certas um mundo novo era tão provável quanto um antigo.

Fonte: Waking Life (2001)