As idéias, com o tempo, sempre esfriam. É fato. Por isso sou apaixonado por quaisquer atos que se possam ser chamados de loucura, insensatez, irresponsabilidade e todas estas outras convenções moralistas que saem, como o bafo ou o catarro, da boca dos que se dizem cultos e politizados. Mal sabem eles que são como o gado. Pois tal como este, lhes empurram goela a dentro tudo que convém às altas castas dos Senhores da Carne, para que depois, deles, se explore tudo que for possível. A vida e a carne.
      Voltando as idéias. Quando se as têm em mente, e não se as passa em mãos quase que de imediato, elas viram apenas uma memória amarga, tal como todos os desejos que reprimimos durante nossas vidas, para que possamos participar do circo do Bicho-Homem sem maiores complicações.
      Idéias são boas, só se, como esta. Que não tem interesse algum em se tornar palpável. Pois o plano material é corrompido e irreal. Idéias só se tornam ação, por meio da ambição, da ganância, do desejo de posse, ou de qualquer outro princípio capitalista. Afinal o que é a vida, senão um grande Mercado?
     A realidade está na sua mente, e só nela. O resto é ficção. Uma bela e trágica peça teatral, na qual todos somos figurantes. Sem poder algum de mudar o desfecho da cena no ato final. E é aí que se dá o único momento de verdade na sua vida de mentira: A morte.