Nota:

Ao longo dos últimos anos tenho abordado os mais diversos temas acerca da condição humana. Tenho tirado várias das minhas dúvidas escrevendo, tenho respondido a várias perguntas e formado valores e, talvez, até elucidado meu caráter por intermédio da escrita, o que é, de fato, uma bela de uma coisa para se dizer às pessoas.

Tenho percebido que minha gana pela escrita vem se esvaindo ao passo do tempo, mas apenas a gana - a ânsia de escrever tudo que se passa em minha cabeça - meu entusiasmo e gratidão em relação às palavras postas lado à lado irão comigo para a cova, certamente.

Tenho tido pouco sobre o que falar. Muito disso se deve, talvez, pela monotonia dos dias, e benzadeus as minorias que tem a destreza e o dinheiro para atravessar a vida sem sentir a monotonia de uma tarde de Quarta-Feira. Mas julgo que muito, também, se deve ao fato de os valores, brotados de longos raciocínios e questionamentos nos momentos mais niilistas que eu poderia conhecer, terem formado um caráter com fortes raízes dentro de mim mesmo; caráter, este, baseado não em idéias impostas, mas em idéias aceitas. E aí está uma grande coisa.

Aprendi que a maior vantagem que você pode ter em relação à hostilidade da vida em sociedade é a coragem de sorrir para as pessoas que te olham de um jeito estranho, ou criticam suas atitudes quando elas divergem do comum, ou do socialmente aceitável, ou do jeito que as pessoas fazem na novela; sorrir e - enquanto pensa: "Foda-se você, seu pequeno aspirante à adubo!" - dizer "Bom dia, pessoa!"

Venho descobrindo e aceitando limites, assim como venho descobrindo e aceitando virtudes e, novamente, valores. A única coisa que pode nos manter em equilíbrio, enquanto andamos selva à dentro, é saber que o que carregamos conosco é, de fato, nosso.

Sobrevivi muito bem à estes vinte e dois anos. Julgo ser capaz de lidar com os próximos.

Estou bem.