Compilação de reflexões incompletas, rascunhos digitalmente engavetados e divagações simpáticas de pensamento.

"Será que sou só eu que acha que as coisas estão boas, assim, como estão?
Será que sou só eu que estou contente, e ando reclamando pouco?
Reclamo da mão (que está quebrada) às vezes, é verdade; mas é mais por mania/costume/cultura que tenho de reclamar.
Reclamamos por quê afinal? Pois se não é para que os outros nos digam que estão com problemas maiores, não sei porquê é."

"'Sondar', este é o verbo ao qual me me pego apegado no momento (que fique claro que para mim, um momento pode, às vezes, durar anos). Sondo em diálogos cotidianos, livros que nunca termino, poesias que são, por vezes, minhas, escritas num passado recente. Sondo no que fervilha."

"Tudo são cenas."

"O ano chega ao fim e com ele a sensação de 'final de um ciclo'. Com ele a sensação de alívio; virar a página e ter outra completamente em branco para se preencher. Sei que não é bem assim, mas a sensação é essa, e as sensações são meu combustível para lidar com a realidade já há muito tempo."

"Poucas coisas me amedrontam tanto, poucas coisas me causam tanto pavor, quanto o olhar de alguém velho; realmente velho. Olhos que não esperam mais nada; esperam  apenas a hora em que o piscar de olhos se dê pela metade, e não se veja mais as cores do mundo, nem o mundo veja a cor dos seus olhos. Olhos que parecem saber de tudo; parecem saber que tudo é muito pouco, muito simples. Parecem saber que demora muito tempo pra se descobrir essas coisas. E que, pensar, escrever e falar sobre isso, não passa de divagação, pois só as rugas são as detentoras da verdade."

"Sou como o caracol."

"32 milhões de pessoas passam fome, e 16 milhões são analfabetas. Eu sou gordo e leio jornais na sala de espera do dentista."

"Dos filhos deste solo é mãe gentil, Pátria amada Brasil?"

"Que será isso, afinal?
O clima? O raciocínio científico afirma que não;
mas meu empirismo tem toda a certeza de que sim.
O que será isso?
Que deixa a gente instrospectivo; Que mata o externo e aviva o interno."

"Se o que deu, deu no que sou
e o que sou, deu no que é;
o que é, vai dar no quê?"

"Hoje à tarde, o papel e eu, tivemos uma bela conversa. É bem verdade que, antes, fui à cafeterias, livrarias e até à pontos de taxi, onde você sempre acha alguém que possa lhe dizer como é que a vida funciona ou coisa que o valha. Estes lugares sempre estão abarrotados de gente deste tipo. Mas não achei ninguém lá. Então, devido às circunstâncias, restou-me o papel."

"Ontem suas lágrimas me arrancaram fora a alma. E me senti como me sentia três meses atrás, morto. E com a sensação de que não sei segurar a mão de alguém sem apertar de mais até machucar. Isso me faz sentir vergonha de mim. Sei que o que tenho à dar são coisas boas. Sei! Mas quando faço, quem esmero, chorar, perco as esperanças em mim mesmo. Quero acreditar que mágoas não deixam cicatrizes. Fui injusto. Me envergonho. Me sinto mal. Me desculpe.
Espero que o amor, os sonhos, os planos, os desejos nunca se abalem, e que possamos caminhar juntos, de mãos dadas, pra que um apoie o tropeço do outro.
Sua companhia me enche completamente de vida. Eu te amo."

"'Tome cuidado pra não se esquecer.' - Dizia o cartaz. - Não fui quem escreveu. Mas, ao ler, a carapuça serviu direitinho."

"As pessoas acham que segurança é olhar para os dois lados antes de atravessar a rua, em cima da faixa."

"Idéia vem, e vai embora.
Mal entrou, corre pra fora."

"Imprudente e aspirante à defunto todo mundo é."

"Vivi a vida, e me vi morto;
Pensei na morte, e me senti vivo;
Quanto mais vivo mais eu morro;
Quanto mais morro, mais vivi.
O morto é o sujeito que viveu!
Já o vivo é o sujeito que acha que a morte está sempre distante."

"Todo mundo é gente de bem para si mesmo."

"Dos risos que me escapam,
todos são foscos.
Igual retina descolada."

"Meu pensamento peca;
O tempo todo.
Peca por não pensar pouco.
Peca por assistir,
ao invés de dar o soco."

Pense em você como um rascunho da evolução humana, escrito às pressas pela mão canhota de um Deus destro de caligrafia ligeira, numa mesa capenga, às quatro da manhã de um domingo, quando ele estava bêbado.