Eu tenho muito a oferecer; talvez não tanto, é verdade. Mas tenho algumas coisas boas; algumas coisas raras, sei bem. Tenho também um casco duro. Suporto a dor física com certa facilidade; reclamo do encomodo que ela traz, não da dor propriamente dita. Suporto também a dor psicológica, no sentido de que ela nunca me vence; nunca é pesada demais para carregar. Não tenho gosto por isso, pois, por vezes, me martirizo demais, é verdade, e talvez o martírio não seja o método adequado. É bem verdade também, que não tenho a memória muito boa, como já escrevi outras vezes. As pessoas não acreditam. Não as culpo. Mas me sinto mal quando estou sendo sincero, dizendo a verdade, e me julgam mentiroso. Às vezes tudo que tenho à oferecer são as palavras. É verdade que não se pode obrigar alguém à aceitá-las como verdade; são só palavras afinal. Entretanto, são só palavras somente para a outra pessoa; para mim elas são, se forem verdadeiras, a verdade. Aí eu penso: "Como diabos alguém pode estar desacreditando da verdade que eu está dizendo?" Pois é. Mas as coisas são assim mesmo. Confiança é uma dádiva que não é dada por algum deus, ou coisa que o valha. Confiança é algo que você adiquire quando deixa de lado o orgulho, e põe em prática se tiver coragem. Pois o que as pessoas tem a oferecer, ao mundo e aos outros, são elas mesmas. Confiar nelas ou não, não depende delas; elas são o que são. Confiar nelas depende, única e exclusivamente, de você.