Sonho é destino - Parte XI

O personagem principal é o que chamo de "a mente". Sua mestria, sua capacidade de representação. Historicamente, muito se tentou conter experiências que ocorrem à beira do limite nas quais a mente está vulnerável. Mas creio que estamos em um momento muito significativo da História. Esses momentos, que poderíamos chamar de limítrofes, fronteiriços, experiências de Zona X, hoje, tornam-se a norma. Essas multiplicidades e distinções transmitem diferenças, gerando grande dificuldade à velha mente. E, entrando através de sua essência mesma, saboreando e sentindo a sua singularidade pode-se avançar na direção daquela coisa comum que os mantém unidos. Então o personagem principal é, para essa nova mente, maior, uma mente maior. Uma mente que ainda virá a ser. E quando entra-se neste registro pode-se ver uma subjetividade radical. Afinação radical à individualidade, à singularidade, à mente. Ela abre-se para uma vasta objetividade. Então, agora, a história é a do Cosmos. O momento não é apenas um vazio passageiro, um nada. Ainda assim é a forma pela qual estas passagens secretas ocorrem. Sim, é vazio de tamanha completude que o grande momento, a grande vida do universo pulsa em seu interior. E cada um, cada objeto, cada lugar, cada ato, deixa uma marca. E esta história é singular. Mas, na verdade, é uma história após a outra.

Fonte: Waking Life (2001)