Sonho é destino - Parte II

Me recuso a ver o Existencialismo como apenas mais um modismo ou uma curiosidade histórica, porque ele tem algo importante a oferecer no novo século. Acho que estamos perdendo as virtudes de vivermos apaixonadamente, de assumirmos a responsabilidade por quem somos, de tentarmos realizar algo e nos sentirmos bem em relação à vida. O Existencialismo é, às vezes, visto como uma filosofia do desespero, mas eu penso que ele é o contrário. Sartre disse, certa vez, que nunca teve um dia de desespero em sua vida. O que esses pensadores nos ensinam é a exuberância das sensações. Como se sua vida fosse a sua obra a ser criada. Eu li os pós-modernos com interesse, com admiração até. Mas sempre tenho uma péssima e incômoda sensação de que algo essencial está sendo deixado de fora. Quanto mais se fala sobre o ser humano como um construtor social ou uma confluência de forças ou como fragmentado, ou marginalizado, abre-se todo um novo universo de desculpas. Quando Sartre fala de responsabilidade, não é abstrato. Não se trata do tipo de eu ou de alma de que falam os teólogos. É algo concreto. Somos nós, falando, tomando decisões e assumindo as conseqüências. Há seis bilhões de pessoas no mundo, é verdade. No entanto, suas ações fazem diferença. Servem de exemplo. A mensagem é: não devemos jamais nos eximir e nos vermos como vítimas de várias forças. Quem nós somos é sempre uma decisão nossa.

Fonte: Waking Life (2001)