Reflexão

Alisson Mosshart (The Kills), Stade de France, abertura do show do Metallica.
Há algo que muito me intriga. E já faz muito tempo que isso me intriga. Mas é algo tão bonito e misterioso, que me acende a alma toda vez que penso nisso.

Existe uma força - que eu chamo de vida - que se manifesta em vários lugares na dimensão física. Bactérias, flores, ratos, lagostas, eu e você, não somos nada que não - em primeira instância - manifestações desta força. Manifestações da vida em uma fração do tempo. Algo que surge de uma transformação prévia e depois transforma-se em algo novo. Movimento. Isto tudo está muito claro na minha mente. Tão claro quanto o fato de que é só uma idéia, uma imagem que criei para elucidar a vida em uma linguagem que minha mente compreenda.

Agora, o que me intriga é: Por que esta força tende sempre ao eterno? Por que a vida sempre encontra uma forma de se manifestar e se perpetuar? Por que existem bactérias debaixo de centenas de metros de gelo na Antártida? Por que alguns sapos africanos mudam de sexo quando estão em um ambiente onde só há sapos de um mesmo sexo? Por que prefere-se sempre o existir ao não-existir? É necessária a presença de uma inteligência para se decidir entre existir e não-existir. O acaso ou o caos - ambos inerentes à realidade - não podem decidir, pois não são uma forma de inteligência, mas sim meios utilizados por uma inteligência, para construir esta realidade onde tudo acontece à mera coincidência e da forma mais inimaginavelmente caótica, e ainda assim mantêm-se a ordem, o balanço e o equilíbrio ao longo de milhões de anos.

Vejam que Hamlet questiona-se "Ser ou não ser? Eis a questão!" E não pode achar a solução para tal pergunta, pois sua inteligência não o permite respondê-la. É uma questão cuja solução/resposta encontra-se para além da compreensão humana. É difícil sequer conceber que não podemos compreender certas coisas. Que nem tudo pode ser cientificamente esmiuçado. Pois nos parece que tudo que tentamos entender e explicar acabamos por de fato entender e explicar ao longo do tempo. A questão é, podemos buscar entender o que está fora da nossa esfera de questionamento? Aquilo que não podemos nos questionar por simplesmente não podermos? É um ponto delicado. As palavras já não ajudam mais daqui em diante. O fato é que alguma inteligência já respondeu a pergunta de Hamlet. Ser. Existir. Perpetuar. Não sabemos porquê. Mas é assim.

Penso que perguntas como esta valem a pena se fazer a você mesmo. Continuo, portanto, alegremente intrigado.