Às vezes o fato de, vez ou outra, eu preferir ver o mundo queimar do que ver o mundo florir, me intriga. E me coloca no centro do vórtice da contradição. Pois eu, aqui onde me encontro, nesta fração de espaço, tempo e pensamento, preciso acreditar que o melhor é que tudo floreça. Mas às vezes não vejo sentido em coisas que dão certo. Não em todas as coisas que dão certo, apenas nessas coisas que a gente acredita que precisam dar certo e acaba fazendo com que, de certa forma, mesmo que dêem completamente errado, e nos frustrem, e nos deixem tristes e doentes, pareçam que deram certo. Gosto quando as coisas dão certo sem nem a gente saber que deram, ou como deram. E gosto, também, quando tudo que é podre e cheio de mentiras deslavadas, pega fogo e vira, ou cinza, ou fumaça.

Por isso me intriga o ser humano, este bicho que não entende porra nenhuma de nada, mas adora julgar tudo o que os seus olhos vêem baseado em seu código de ética, seus valores morais, e sua vaidade que é, geralmente - salvo raríssimos casos - maior do que ele próprio. Este ser que vive em meio ao caos interminável e indecifrável da existência, mas anda pelas ruas como se tivesse o controle de todas as forças que agem sobre ele, como se determinasse o modus operandi do acaso. Mas na verdade, é só mais um idiota que age sempre com um utópico senso de imortalidade.