Eu que sei que não te digo que te amo,
também chamo por seu nome no silêncio.
Eu que sei que procurei a vida inteira
a brincadeira de me deixar amar sem medo,
também sei, amor, que o que posso, já tenho.
Que com almas assim, não nos vale o empenho
de parar de voar pra se fazer um ninho.
Sei bem, amor, que o que tenho é conversa.
Não é toque ou sabor, é só paz dispersa.
E sei, também, entre outras coisas,
que você também sabe isso tudo que sei.
Sabe que a convivência seria tragédia.
Mas que a simples consciência
da sua e da minha existência
já nos basta.
E consuma-se, assim, esse amor.