Uma das características que nos vem a mente quando ouvimos a palavra "artista" é: Criatividade. Mas existe de fato o ato de criar? Ou seria isso só mais um delírio humano? O fato de você sentar no seu quarto com um violão no colo e papel e caneta na escrivaninha, e compor uma música faz de você um "criador"? Não quero discutir o mérito do artista, nem de sua obra. Proponho a reflexão sobre a existência ou não da criatividade.
A composição do músico, exemplificada acima, está cheia pequenas peças, de ideologias, de transmutações, de influências e de padrões que foram utilizados por ele, mas não criados por ele. É um Frankstein. O que o transforma, então, em um agente transformador, não em um agente criador. E transformar, então, não seria o mesmo que criar? Não. Se você analisar o mundo a sua volta, irá perceber que, de fato, nada se cria, tudo se transforma. Se amanhã alguém "criar" o teletransporte, na verdade esta pessoa não está criando tal mecanismo, ela estará apenas descobrindo uma possibilidade que já existia, e sempre esteve lá, mas precisava de uma forma de vida inteligente, no plano físico, para torná-la palpável. Tudo sempre existiu, e sempre irá existir. Cabe a nós sermos humildes diante disso e aceitarmos que nós não podemos criar absolutamente nada; podemos apenas tornar concretas possibilidades que o universo físico já possuía de antemão.
E onde está, então, a beleza disso? Em todo lugar! Basta deixarmos o egocentrismo de lado - vivemos em tempos heliocêntricos - para vermos que nós não somos importantes. O artista não é importante. A música não depende do músico estar lá ou não para existir. A arte não precisa do artista. A vida não precisa de você. E onde está, então, a beleza disso? Nisso!