Talvez todos nós - e isso é um bocado de gente - já tenhamos nos feito a seguinte afirmação, mesmo que não nestas palavras, talvez até indiretamente: Não consigo mais viver comigo mesmo. Mas creio que poucos tenham se dado conta que, nesta sentença existe, também, uma grande revelação. A revelação de que existem dois "eus". Pois se eu não consigo mais viver comigo mesmo, devem, então, haver dois "eus". Então, quem é o eu? E quem é este outro eu com o qual não consigo mais conviver? Não se prenda a sentença em si, mas sim a ideia que ela sugere.
Existem, de fato, dois "eus", mas grande parte das pessoas está apegada ao segundo eu - o ego - que nada mais é do que a imagem que criamos de nós mesmos em nossa mente. O outro eu - aquilo que de fato somos - ainda é um mistério incompreendido para muitas pessoas.
A mente humana vive de ideias, símbolos, linguagem, que são apenas imagens que criamos e com as quais nossa mente se identifica ou não. Muitas pessoas acham que são a sua mente, que são seu pensamento, que são sua imagem, e que todas as coisas do mundo são, também, as imagens que sua mente criou para identificá-las. O problema é que nada disso é real.
Nossa mente e, por consequência, nosso pensamento, nada mais é do que uma ferramenta. Entretanto, esta ferramenta deixou de ser apenas utilizada esporadicamente, e passou a nos dominar de tal forma que nos identificamos com ela. Nossa mente está sempre muito barulhenta, muito inquieta, sempre cochichando alguma coisa.
Então, se eu não sou a voz em minha mente, se eu não sou a imagem que construí de mim mesmo, quem eu sou? Você é quem percebe isso. Você é a consciência por traz de tudo.