Tudo que vejo o dia todo são papéis.
Papéis que não me servem de nada.
Juro que qualquer rolo de papel higiênico,
de qualquer banheiro,
de qualquer posto de gasolina do mundo,
sujo, e fedido, e desconhecido, e necessário,
vale mais que todos os papéis em cima dessa mesa.
Mesmo assim estou aqui. Sentado de fronte aos papéis.
De fronte ao monitor. Rodeado por carimbos e canetas.
Cercado de gente que pensa a mesma coisa que eu.
Ou ainda pior,
gente que também está angustiada com isso tudo,
mas não pensa em nada disso.
Tem também os que gostam dos papéis,
e dos carimbos, e das canetas,
e das anotações coloridas nos calendários.
Olho pra todos esses fatos e penso:
Por que?
O que me impressiona é que tudo se resolve.
Tem várias coisas que precisam ser feitas,
bem aqui, nos montes de papel em ambos os lados.
Que atitude eu tomei?
Bem, primeiro fui ler Bukowski,
Aí fui buscar mais café.
Me deu vontade de escrever;
O velho safado sempre dá.
Agora vou fumar, lá fora.
Os papéis... amanhã eu vejo.