As vezes os pelos do meu braço arrepiam;
e depois a barba.
A nuca é mais difícil; mas acontece.
Isso tudo
no contato com alguma sutileza.
Num poema, numa música, num filme.
Às vezes num silêncio, num espaço.
Numa simples quebra
de linha.
Mas é raro.
Um homem não deveria sentir isso,
dizem os mastodontes; às vezes um ou outro
motoqueiro.
Eu mesmo o diria se fosse sexta à noite,
se fosse um bar,
e eu estivesse de jaqueta de couro
e botas.
Mas é quarta à tarde.
E eu sei que sua casca grossa
parte-se em mais de mil pedaços,
ao fim de toda madrugada
interminável.
Mas fica entre nós.